sexta-feira, 19 de junho de 2009

Canudo ou Conteúdo


Muita bobagem já se falou e muito mais ainda será falada e escrita em torno da questão da obrigatoriedade de diploma para o exercício do jornalismo.
A exigência do canudo, radicalmente em oposição ao que determina a Constituição de 88, no capítulo referente ao direito de expressão, veio embrulhada no pacote do arbítrio do AI-5, com a intenção de calar a intelectualidade contrária ao golpe militar.
Após uma batalha de liminares, contra e a favor, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira, por oito votos a um, pelo fim da exigência ao diploma de Jornalismo como requisito para o exercício da profissão.
O que isto mudará? Substancialmente nada. Afinal, os artífices da magistral produção intelectual consagrada na história jornalística deste país nunca frequentaram escolas de Comunicação Social pelo simples fato destas não existirem então.
E, por acaso, com o advento destas escolas passamos a viver uma era de renovação e superação qualitativa por conta dos milhares de bacharelandos disponibilizados ao mercado todos os anos pelas centenas de faculdades, respeitáveis ou nem tanto? Óbvio que não.
E, ainda por acaso, o caro leitor saberia dizer quem fazia parte, em grande número, do corpo docente das mais bem conceituadas faculdades de jornalismo? Pois é, os grandes papas, como, Alberto Dines, Cláudio Abramo, dentre tantos, que tiveram seus talentos forjados ao pé das rotativas e linotipos e consubstanciados pela formação intelectual oriunda de outros bancos escolares. Ironia, não?!
Finalmente! Como qualquer país decente, o Brasil agora não faz reserva de mercado para ser jornalista.
Nos EUA, o diploma de Jornalismo não é obrigatório e mesmo assim há excelentes faculdades de jornalismo, todas muito concorridas, por sinal.
Já andei vendo pela internet depoimentos precipitados de alunos de jornalismo prometendo abandonar o curso, substituindo-o por outro qualquer em função da nova lei. Quanta asneira.
Qualquer opção profissional será muito melhor sucedida quanto maior for a excelência de sua formação. E eu, particularmente, tenho muito orgulho da minha escolha e não pretendo acionar judicialmente a faculdade cursada há duas décadas, pleiteando ressarcimento financeiro, como já ameaçam alguns afoitos ex-futuros focas.
Observem meninos, que o STF não acabou com a obrigatoriedade de bom texto, bagagem cultural, triagem, apuração, credibilidade. Não há, pois, o que temer. Bons e maus profissonais sempre existirão. Com ou sem canudo.
Lembrando que a depuração do mercado sempre será orientada pela máxima, “Só se estabelece quem tem competência”, finalizo com esta frase lapidar do grande mestre Cláudio Abramo: "O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"!

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